domingo, 1 de abril de 2018

Titanic


Como todo mundo sabe, o filme Titanic ganhou diversos Oscars como melhor filme do ano de 1997. Mas os vinte anos do “boom” de bilheteria se completa neste ano, uma vez que o filme bateu seus recordes de público no ano seguinte, em 1998.

A efeméride me fez lembrar de um momento marcante: a minha primeira vez no cinema. Nasci em 1985 numa cidade em que o cinema estava fechado desde os anos 70 (Itapecerica é uma cidade adorável, mas a vida cultural é um tanto cruel). Até que com o sucesso da película multipremiada, a escola na qual eu estudava decidiu fazer uma excursão.

Obviamente, não teria como dar certo. As meninas começaram a gritar pelo Leonardo DiCaprio no meio do filme, em cada aparição de seu personagem “Jack”. Gritos sonoros, estridentes. Para devolver a “provocação”, os meninos rebatiam com o tradicional “fiu-fiu” para Kate Winslet, quando, finalmente, sua “Rose” deu o ar da graça.

Não preciso nem dizer que as cenas de nudez da atriz e a cena que se desenvolveu a seguir arrancaram assovios e, como não poderia deixar de ser, suspiros da plateia. Por fim, outro momento engraçado foi o da morte do “Jack”. A ala masculina vibrou como em um gol no momento em que o personagem submerge no gélido norte do Atlântico.

Depois, lembro que minha mãe adquiriu as fitas cassetes do filme em uma daquelas promoções que jornais e revistas faziam antigamente. Quem diria que a regravação de um filme sobre um acidente ocorrido no início do Século XX no norte do planeta geraria uma excursão escolar no interior mineiro?

Foi uma primeira vez nonsense, mas, como diz o ditado, a gente nunca esquece. Desde então, sou um cinéfilo, apesar da minha extrema dificuldade ao tentar decorar os nomes de atores, diretores, etc.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Racing x Cruzeiro - final - Supercopa 1992

A minha paixão pelo futebol vem de berço. Meus pais sempre foram torcedores de irem aos jogos do São Bento, o maior time das vidas de muita gente, mas ele é cruzeirense e ela atleticana.

Nenhum deles fez algum tipo de pressão para que eu escolhesse um lado, mas, talvez por desenhar e colorir, não seria possível que um time preto e branco me atraísse naquele momento. Afinal, o azul de fundo e as cinco estrelas brancas são irresistíveis e o futebol bonito, de toque de bola, orna muito bem com a camisa mais linda do mundo.

Não teve outro jeito. Obviamente com autorização da minha mãe e após muita insistência, fui levado pelo meu pai para assistir a um jogo do Cruzeiro em um telão que seria instalado na Praça do Coreto. Para quem não conhece, é o ponto mais central da minha cidade natal, Itapecerica, lá no centro-oeste mineiro.

Ao jogo...

Não era qualquer jogo, era a final da Supercopa dos Campeões da Libertadores de 1992. Foi a primeira competição que acompanhei por inteiro. Assistia aos jogos na ͞Faixa Nobre do Esporte͟ da Bandeirantes, apresentada pelo Elia Júnior. Conseguia isso depois de convencer minha mãe, que era uma assídua espectadora da novela Topázio, que era transmitida pelo SBT.

Eu tinha a tabela da competição toda desenhada no meu caderno, com os escudos de cada time. Um pôster do time, que há pouco havia conquistado o Campeonato Mineiro contra o América e uma esperança grande de ver meu time campeão.


Na época, eu já tinha a noção de que se tratava de uma competição relevante, mas, para mim, era a mais importante de todas, pois reunia os campeões da Libertadores. A primeira partida da final foi vencida pelo Cruzeiro com um grande show do camisa dez Boiadeiro e da dupla Roberto e Renato Gaúcho, que se tornou o meu primeiro ídolo no futebol. Ele jogava com uma faixa na cabeça e eu tinha uma igual, que meu pai comprou no Mineirão quando foi ao jogo contra o Olímpia.



Do jogo decisivo, lembro de poucos flashes. Lembro-me mais da praça lotada. O que eu mais queria era aquele povo todo vibrando com o gol do título. O tempo passava, o gol não veio. De repente, lembro-me que todos ficaram de pé. Meu pai me colocou nos ombros para que eu enxergasse o telão. O time argentino havia marcado um gol de pênalti. Como não era mostrado o cronômetro nas transmissões, a ansiedade pelo final do jogo foi aumentando demasiadamente. Mas, pouco tempo depois, veio a explosão em uma catarse inesquecível! 

O gol do título? Não...

Era o apito final, enfim o Cruzeiro era Bicampeão dos Campeões da Libertadores da América! Mais uma página heroica e imortal estava escrita. O hino começou a tocar em alto e bom som, carros saíram em carreata pela cidade e nos dias seguintes nossos heróis foram recebidos com festa em Belo Horizonte. Inesquecível.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

O tempo, realmente, não para.

Não é fácil refletir sobre isso. Pior ainda talvez seja ter a consciência disso. Há alguns anos assisti a uma série da Rede Globo na qual amigos de longa data reviviam suas convivências. A trama era de 2008, mas tinha como pano de fundo as eleições presidenciais de 1989 e a queda do Muro de Berlin.

A trilha sonora era ótima e na abertura tocava uma música cantada pelo Milton Nascimento. Ela dizia em seu refrão que “nada será como antes” e a moral da história seguia esse caminho.

De fato, nada será como antes.

Os jogadores de futebol de minha adolescência parecem melhores que os peladeiros atuais. As bandas de rock nacional dos anos 80 – que na minha época gravavam acústicos na MTV – são melhores que essas dezenas de duplas sertanejas. Até os políticos de antigamente parecem honestíssimos a ponto de determinados boçais defenderem a ditadura militar.

Fiquei triste outro dia porque uma sorveteria da cidade onde eu morava fechou. E daí!? Provavelmente eu nunca mais fosse voltar até lá.

Como um bom exilado, tenho saudade de muitas outras coisas, dos finais de semana na casa dos meus avós às festas da minha turma de faculdade. Porém, como diz a música, nada será como antes e, se querem saber, minha vida hoje é bem melhor.

O filme “Meia-Noite em Paris” mostra bem essa reflexão. O passado sempre parece melhor mesmo que, na realidade, fosse pior. Não à toa os filmes de viagem no tempo fazem grande sucesso: a memória tende a apagar aquilo que foi desagradável. As mazelas da Belle Époque não entraram nos livros de história.

É importante quebrar essa visão e enxergar a realidade. Perceber que o Messi e o Cristiano são melhores que o Zidane e o Ronaldo, que Victor & Léo e César Menotti & Fabiano são duplas sertanejas com grande qualidade musical e, apesar de óbvio, que nossa democracia capenga é melhor que qualquer regime opressor.

Afinal, quase todos aqui adorariam voltar aos cinco anos de idade, mas como viver sem essas facilidades cibernéticas?

Cair no “canto” do passado é confortável e sedutor, mas é paralisante. Por mais desinteressante que a realidade possa parecer, sejamos realistas e progressistas. Já que a vida é mesmo como a correnteza de um rio, vamos remar para frente!


PS.: apesar do que escrevi acima, o Senna foi melhor que o Schumacher.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Como surge uma musa?



Parece clichê, mas desde que o mundo é mundo o homem precisa de uma musa. Foi assim de geração em geração, principalmente depois do Renascimento e será assim durante muito tempo, talvez eternamente, para o terror das feministas radicais.

Sábado foi mais um dia monótono no cotidiano de minha cidade. À noite, saí de casa para matar meu tempo, o que mais tenho feito ultimamente. Mas a chuva caiu e a preguiça de encará-la me levou ao milionésimo concurso da “garota mais bonita da cidade”. Aliás, deve ser a cidade com mais "garotas mais bonitas da cidade", pois fazem uns três concursos do tipo todo ano. Também elegem o congênere masculino, mas ninguém se importa, acho que nem as mulheres.

No dia seguinte, estava eu assistindo ao jogo do tricampeão Cruzeiro contra o Bahia. O jogo não valia nada para a Raposa, mas para os baianos valia a permanência na 1ª divisão. Meu time sofreu a virada no final do duelo, após o juiz surrupiar nossa vitória ao não expulsar o goleiro tricolor. Poucos segundos depois do gol, porém, nada mais importava. A cena de uma moça linda comemorando o gol do Bahia fez tudo voltar a valer a pena. Em poucos minutos, ela se tornou assunto nas redes sociais, seus perfis na internet foram devassados e, pelo menos por alguns dias, a vida dela não será mais a mesma.

Uma pergunta me veio com essas duas situações: “Como surge uma musa?”.

No primeiro caso, criaram um concurso para escolhê-la. No segundo caso, ela surgiu do nada, naturalmente, de um modo tão espontâneo que surpreendeu a todos. Obviamente, prefiro a musa natural. A do concurso, com todo respeito, é artificial, representa a opinião subjetiva de alguns jurados “iluminados”. A natural é diferente, ela parece ter nascido para estar ali, é perfeita para compor aquele momento específico.

Concursos de misses são tão artificiais que as mulheres são submetidas a treinamento! É claro que a culpa não é delas e sim dos organizadores do evento, mas penso que uma musa não se constrói. Ela nasce pronta e é do jeito que é. Reparem na musa baiana: não possui mililitros de silicone, nem decigramas de maquiagem. Também não estava querendo chocar como muitas oportunistas fazem, quem não se lembra das marombadas mulheres-fruta, das panicat’s na TV ou das paraguaias semi-nuas nos jogos de futebol?

A Isabella não precisou usar trajes minúsculos, não precisou se submeter ao bisturi, não precisou de uma eleição. Foi simplesmente aclamada. Muito mais por sua evidente espontaneidade naquele momento de felicidade única, que só os amantes do futebol podem entender, do que por sua beleza. Até o Cléber Machado, que narrou o final do jogo para São Paulo, e outros narradores deixaram transparecer a inusitada situação. Tudo porque uma menina, que não segue a linha das gostosonas marombadas, das modelos magrelas e nem das misses artificiais acabou roubando a cena.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Raposa Abatida


Até ontem à noite o Cruzeiro era o Barcelona das Américas. Eu mesmo estava insuportável dizendo que o Santos era o Real Madri das Américas, que o Inter era o Manchester United das Américas, que o Atlético-MG era o Espanyol de Barcelona das Américas e até que a Débora Secco era a Julia Roberts do hemisfério sul (a gringa é norte-americana, né!?)...

Quando cheguei da faculdade e liguei a TV, me deparei com a catástrofe mais manjada dos últimos tempos, um remake macabro da “Despedida do Joel”, de amargas lembranças para flamenguistas como eu (sim, sou bígamo no futebol, mas só no futebol). O Cruzeiro perdia a Libertadores pelo quarto ano consecutivo. Ok, isso não é nada perto de uma visitinha à segunda divisão ou de uma eliminação pelos Barueris, Brasilienses ou qualquer outra coisa parecida que começa com a letra “B”, mas, pra quem nutre a maldita ambição de conquistar o mundo, foi uma senhora vergonha!

A sorte da Raposa é que não foi sozinha pro limbo. Além dos “guerreiros” do Fluminense, também estamos acompanhados da dupla Grenal, que, agravando o drama, tem seus maiores ídolos sentados no banco de reservas. No caso celeste, todo mundo sabe que o Seu Cuca é um Rubinho Barrichello do futebol: educado, talentoso, gente fina demais, mas...

Encerrada a partida, só me restou rir de tudo o que aconteceu. Depois de ver o Cruzeiro perder na final de 2009 do jeito que eu vi, qualquer coisa vira piada. É sempre fácil culpar o Juiz, o jogador expulso ou as lesões, mas o Manchester United jogou a semifinal da Champions League com apenas três titulares e goleou! Ontem ficou provado que as goleadas celestes eram pura ilusão de ótica. Bem que eu queria enfrentar aquele ameriquinhazinho mais vezes.

Por fim, quero lembrar que somos de fato o Barcelona! O Barcelona da época do Maradona, mas somos! Brincadeiras de lado, reconheço que ser eliminado nunca é fácil, os times da Copa do Brasil agora vão pro centro das atenções, já estou vendo o Rogério Ceni com aquela cara de “sou bom, mas não comenta” que me mata de raiva, enfim... Bem feito pra mim!

PS.: Cruzeirense, não use terceiros na hora de retrucar seu amigo galináceo. A Derci, o Clodovil e o Osama se foram por causa disso e o Marrone quase morreu só porque a música “Choram as Rosas” ia virar hit atleticano. Seja consciente!