segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Como surge uma musa?



Parece clichê, mas desde que o mundo é mundo o homem precisa de uma musa. Foi assim de geração em geração, principalmente depois do Renascimento e será assim durante muito tempo, talvez eternamente, para o terror das feministas radicais.

Sábado foi mais um dia monótono no cotidiano de minha cidade. À noite, saí de casa para matar meu tempo, o que mais tenho feito ultimamente. Mas a chuva caiu e a preguiça de encará-la me levou ao milionésimo concurso da “garota mais bonita da cidade”. Aliás, deve ser a cidade com mais "garotas mais bonitas da cidade", pois fazem uns três concursos do tipo todo ano. Também elegem o congênere masculino, mas ninguém se importa, acho que nem as mulheres.

No dia seguinte, estava eu assistindo ao jogo do tricampeão Cruzeiro contra o Bahia. O jogo não valia nada para a Raposa, mas para os baianos valia a permanência na 1ª divisão. Meu time sofreu a virada no final do duelo, após o juiz surrupiar nossa vitória ao não expulsar o goleiro tricolor. Poucos segundos depois do gol, porém, nada mais importava. A cena de uma moça linda comemorando o gol do Bahia fez tudo voltar a valer a pena. Em poucos minutos, ela se tornou assunto nas redes sociais, seus perfis na internet foram devassados e, pelo menos por alguns dias, a vida dela não será mais a mesma.

Uma pergunta me veio com essas duas situações: “Como surge uma musa?”.

No primeiro caso, criaram um concurso para escolhê-la. No segundo caso, ela surgiu do nada, naturalmente, de um modo tão espontâneo que surpreendeu a todos. Obviamente, prefiro a musa natural. A do concurso, com todo respeito, é artificial, representa a opinião subjetiva de alguns jurados “iluminados”. A natural é diferente, ela parece ter nascido para estar ali, é perfeita para compor aquele momento específico.

Concursos de misses são tão artificiais que as mulheres são submetidas a treinamento! É claro que a culpa não é delas e sim dos organizadores do evento, mas penso que uma musa não se constrói. Ela nasce pronta e é do jeito que é. Reparem na musa baiana: não possui mililitros de silicone, nem decigramas de maquiagem. Também não estava querendo chocar como muitas oportunistas fazem, quem não se lembra das marombadas mulheres-fruta, das panicat’s na TV ou das paraguaias semi-nuas nos jogos de futebol?

A Isabella não precisou usar trajes minúsculos, não precisou se submeter ao bisturi, não precisou de uma eleição. Foi simplesmente aclamada. Muito mais por sua evidente espontaneidade naquele momento de felicidade única, que só os amantes do futebol podem entender, do que por sua beleza. Até o Cléber Machado, que narrou o final do jogo para São Paulo, e outros narradores deixaram transparecer a inusitada situação. Tudo porque uma menina, que não segue a linha das gostosonas marombadas, das modelos magrelas e nem das misses artificiais acabou roubando a cena.