quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Desabafo de Um São-Bentista


Hoje quero desabafar sobre a situação do maior clube de futebol de Itapecerica, o São Bento Esporte Clube, o popular “Leão da Colina”. Torço pelo time desde a infância e mantive seu blog durante dois anos. De lá pra cá muita coisa mudou na Colina. Bom, pra dizer a verdade, arrumaram a casa, trocaram os móveis, mas os problemas continuam os mesmos.

Antes de falar sobre as três situações que mais me incomodam, quero ressaltar que não sou contra a diretoria do clube e acredito que, para compô-la, não existem pessoas melhores que seus atuais integrantes. Apenas creio que lhes falta um pouco de coragem para expurgar problemas que persistem por mais de duas décadas.


Problema 1 – O escudo do Atlético-MG.


Virou piada de buteco, ou melhor, piada escrita na lousa do açougue do Paulinho o fato do Leão usar o mesmo escudo do Atlético-MG. Sei bem que à primeira vista pareço um cruzeirense recalcado, mas infelizmente não é bem isso. Mais que uma ação de marketing às avessas, plagiar o escudo do Galo Mineiro é um atentado contra o passado do São Bento.

            A ação de marketing às avessas salta aos olhos do mais capiau dos homens. Afinal, que garoto cruzeirense não-descendente de são-bentistas escolheria o Leão para torcer? É um erro grotesco! Além disso, você, cruzeirense, já experimentou usar a camisa do São Bento fora das fronteiras itapecericanas? Caso tenha experimentado, sabe bem do que estou falando.

O São Bento passou a usar o escudo do Atlético-MG no final dos anos 80. Naquela época, atleticanos fanáticos assumiram a direção do clube e alteraram o belo brasão que, até então, era parecido, não igual, aos adotados pela Ponte Preta de Campinas e pelo Santos Futebol Clube. Basta uma simples consulta aos documentos da época para comprovar a veracidade destas informações.

Além de ter sua história mutilada e sem poder conquistar boa parcela dos novos torcedores, não podemos esquecer que o escudo atleticano jamais foi sinal de bom agouro e o time deles, salvo no início dos anos 80, nunca foi fonte de inspiração pra ninguém.

Portanto, não faz o menor sentido o São Bento continuar usando o símbolo do Atlético-MG, são dois clubes contemporâneos e isso foi péssimo. O Leão, que sob o escudo atleticano conquistou apenas quatro dos seus trinta e três títulos locais, amarga dez anos sem uma conquista sequer.

Problema 2 – A má distribuição dos torcedores na Bombonera.


Existe algum estádio no mundo onde a torcida visitante é mais bem tratada que a torcida do mandante? Sim, paciente leitor, e, pasme, ele não fica na Europa! Está encravado numa colina da cidade de Itapecerica!

A falta de respeito com o torcedor são-bentista nas partidas disputadas no campo do União é evidente. No Arranca-Toco os visitantes ficam sob um sol escaldante durante todo o jogo e mal conseguem assisti-lo, contudo, é o que realmente se espera dentro do território inimigo.

Porém, quando os torcedores rivais visitam o Leão, lhes são oferecidos os melhores lugares do estádio. Além do privilégio de ficarem sob a sombra, os visitantes da Bombonera recebem a maior e melhor parcela das arquibancadas, sendo que os anfitriões, por sua vez, têm a visão do lado direito do gramado encoberta por um murinho.

No lado não atingido pelo sol, resta aos são-bentistas um curto espaço composto por arquibancadas. A quem não consegue nele se colocar, restam duas alternativas: assistir ao jogo de pé ou caprichar no protetor e enfrentar o lado ensolarado do estádio.

Ah! Além do conforto do torcedor tem a questão da pressão que a torcida visitante faz sobre o trio de arbitragem, eis que fica praticamente em cima de um dos bandeirinhas. Do lado alvirrubro, por sua vez, no espaço onde o bandeira toma decisões capitais, encontra-se o vestiário do estádio e o torcedor do Leão não pode fazer qualquer pressão incisiva.

É claro que o clube não pode construir um novo estádio e as modificações necessárias são difíceis de pôr em prática, mas o torcedor do São Bento não pode mais ser tratado de forma degradante e, sinceramente, para melhorar a situação do são-bentista em seu próprio campo basta inverter a distribuição dos torcedores nas arquibancadas, nada mais.

Problema 3 – A questão da camaradagem


O último problema, reconheço, é extremamente delicado. Sim, o São Bento é um time de futebol amador. O amadorismo, por sua vez, é movido pela paixão. Como então trazer para o clube pessoas verdadeiramente capacitadas, que vão agir de modo razoavelmente profissional mesmo dentro do amadorismo?

O que vimos no Campeonato Regional foi uma lástima. O Leão contou pessoas que dizem amar o clube, mas não passam de torcedores bem intencionados. Deu no que deu.

Agravando a situação, a diretoria aceita um jogador que consegue ser expulso em todos os jogos decisivos e que, por isso, compromete o São Bento em todas as competições que disputa. Não consigo entender. Jogadores com esse tipo de temperamento só valem a pena quando possuem um nível técnico acima do normal e não é o caso.

E a questão do treinador? Se eu fosse escolher uma pessoa que gosto para treinar o clube, escolheria minha mãe. Se eu fosse escolher uma pessoa que goste do São Bento, escolheria a Dona Dica. Infelizmente, a diretoria precisa rever alguns critérios. O técnico do União é torcedor, mas entende muito de futebol.

O São Bento precisa oxigenar o time, usar sangue novo e cortar esses cânceres derrotistas que estão atrasando o clube há anos. As pessoas realmente boas, comprometidas e eficientes devem permanecer, não sendo relevante qualquer outro atributo.

Além disso, a diretoria deve tomar cuidado para que a base não forme jogadores para outras equipes e, no mesmo passo, deve evitar jogadores forasteiros de baixa qualidade e/ou descomprometidos.


Escrevi demais! Concluindo, quero lembrar que faço apenas três críticas construtivas. As duas primeiras são detalhes que podem não fazer diferença para muitos, mas que mexem com a auto-estima, com o íntimo, com aquilo que não se vê. A última é mais técnica, mais importante e mais difícil de pôr em prática. Obrigado pela atenção.

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