segunda-feira, 4 de julho de 2016

O tempo, realmente, não para.

Não é fácil refletir sobre isso. Pior ainda talvez seja ter a consciência disso. Há alguns anos assisti a uma série da Rede Globo na qual amigos de longa data reviviam suas convivências. A trama era de 2008, mas tinha como pano de fundo as eleições presidenciais de 1989 e a queda do Muro de Berlin.

A trilha sonora era ótima e na abertura tocava uma música cantada pelo Milton Nascimento. Ela dizia em seu refrão que “nada será como antes” e a moral da história seguia esse caminho.

De fato, nada será como antes.

Os jogadores de futebol de minha adolescência parecem melhores que os peladeiros atuais. As bandas de rock nacional dos anos 80 – que na minha época gravavam acústicos na MTV – são melhores que essas dezenas de duplas sertanejas. Até os políticos de antigamente parecem honestíssimos a ponto de determinados boçais defenderem a ditadura militar.

Fiquei triste outro dia porque uma sorveteria da cidade onde eu morava fechou. E daí!? Provavelmente eu nunca mais fosse voltar até lá.

Como um bom exilado, tenho saudade de muitas outras coisas, dos finais de semana na casa dos meus avós às festas da minha turma de faculdade. Porém, como diz a música, nada será como antes e, se querem saber, minha vida hoje é bem melhor.

O filme “Meia-Noite em Paris” mostra bem essa reflexão. O passado sempre parece melhor mesmo que, na realidade, fosse pior. Não à toa os filmes de viagem no tempo fazem grande sucesso: a memória tende a apagar aquilo que foi desagradável. As mazelas da Belle Époque não entraram nos livros de história.

É importante quebrar essa visão e enxergar a realidade. Perceber que o Messi e o Cristiano são melhores que o Zidane e o Ronaldo, que Victor & Léo e César Menotti & Fabiano são duplas sertanejas com grande qualidade musical e, apesar de óbvio, que nossa democracia capenga é melhor que qualquer regime opressor.

Afinal, quase todos aqui adorariam voltar aos cinco anos de idade, mas como viver sem essas facilidades cibernéticas?

Cair no “canto” do passado é confortável e sedutor, mas é paralisante. Por mais desinteressante que a realidade possa parecer, sejamos realistas e progressistas. Já que a vida é mesmo como a correnteza de um rio, vamos remar para frente!


PS.: apesar do que escrevi acima, o Senna foi melhor que o Schumacher.

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