terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Racing x Cruzeiro - final - Supercopa 1992

A minha paixão pelo futebol vem de berço. Meus pais sempre foram torcedores de irem aos jogos do São Bento, o maior time das vidas de muita gente, mas ele é cruzeirense e ela atleticana.

Nenhum deles fez algum tipo de pressão para que eu escolhesse um lado, mas, talvez por desenhar e colorir, não seria possível que um time preto e branco me atraísse naquele momento. Afinal, o azul de fundo e as cinco estrelas brancas são irresistíveis e o futebol bonito, de toque de bola, orna muito bem com a camisa mais linda do mundo.

Não teve outro jeito. Obviamente com autorização da minha mãe e após muita insistência, fui levado pelo meu pai para assistir a um jogo do Cruzeiro em um telão que seria instalado na Praça do Coreto. Para quem não conhece, é o ponto mais central da minha cidade natal, Itapecerica, lá no centro-oeste mineiro.

Ao jogo...

Não era qualquer jogo, era a final da Supercopa dos Campeões da Libertadores de 1992. Foi a primeira competição que acompanhei por inteiro. Assistia aos jogos na ͞Faixa Nobre do Esporte͟ da Bandeirantes, apresentada pelo Elia Júnior. Conseguia isso depois de convencer minha mãe, que era uma assídua espectadora da novela Topázio, que era transmitida pelo SBT.

Eu tinha a tabela da competição toda desenhada no meu caderno, com os escudos de cada time. Um pôster do time, que há pouco havia conquistado o Campeonato Mineiro contra o América e uma esperança grande de ver meu time campeão.


Na época, eu já tinha a noção de que se tratava de uma competição relevante, mas, para mim, era a mais importante de todas, pois reunia os campeões da Libertadores. A primeira partida da final foi vencida pelo Cruzeiro com um grande show do camisa dez Boiadeiro e da dupla Roberto e Renato Gaúcho, que se tornou o meu primeiro ídolo no futebol. Ele jogava com uma faixa na cabeça e eu tinha uma igual, que meu pai comprou no Mineirão quando foi ao jogo contra o Olímpia.



Do jogo decisivo, lembro de poucos flashes. Lembro-me mais da praça lotada. O que eu mais queria era aquele povo todo vibrando com o gol do título. O tempo passava, o gol não veio. De repente, lembro-me que todos ficaram de pé. Meu pai me colocou nos ombros para que eu enxergasse o telão. O time argentino havia marcado um gol de pênalti. Como não era mostrado o cronômetro nas transmissões, a ansiedade pelo final do jogo foi aumentando demasiadamente. Mas, pouco tempo depois, veio a explosão em uma catarse inesquecível! 

O gol do título? Não...

Era o apito final, enfim o Cruzeiro era Bicampeão dos Campeões da Libertadores da América! Mais uma página heroica e imortal estava escrita. O hino começou a tocar em alto e bom som, carros saíram em carreata pela cidade e nos dias seguintes nossos heróis foram recebidos com festa em Belo Horizonte. Inesquecível.

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